“Não quereis vir a mim para terdes vida”, disse Jesus. Então, por que iríamos procurá-lo? Para termos a morte? Evidente que não! O Senhor estava querendo dizer alguma coisa que ainda não compreendemos bem. Morte e vida fazem parte do contexto da existência dos seres humanos, que são almas eternas, vivendo no Universo relativo. A morte é uma lei natural da Criação, quer dizer, tudo o que vive, morre. Algumas pessoas pensam que uma vez morta a criatura, seja homem, animal, ou planta, a existência é tragada definitivamente pela sepultura. Seria mesmo assim, ou essa concepção teria nascido no seio da igreja, num tempo em que o conhecimento científico era rudimentar? A resposta parece óbvia.
 
No ocidente a igreja é a instituição onde se concebeu o que se pensa atualmente a respeito da morte. No período da Reforma, por volta de 1520, apesar das muitas especulações em torno das Escrituras Sagradas, o pensamento a esse respeito não avançou. Naquilo que toca à origem da alma, sua missão e destino depois da morte, as igrejas protestantes e evangélicas, repetem a mesma concepção da igreja mãe. Não se quer menosprezar a importância e nem o papel das igrejas, na formação da atual civilização do ocidente, porém, nas questões concernentes à morte, o pensamento dominante ainda é o medieval. Isso precisa mudar! E por uma razão simples. Estamos diante de um tempo de profundas transformações na civilização. As igrejas precisam acompanhar o progresso.
 
É certo que antes de chegar esse tempo de bonança, segundo nosso Deus, teremos de enfrentar o transtorno do fim do mundo. Isso, no entanto, não deve ser motivo de desespero, mas de esperança. Afinal, o reino de Deus chegará para os crentes e para o mundo. E isso se dará em caráter definitivo. Há muitas questões teológicas a serem resolvidas. Isso porque um espírito de indiferença às coisas eternas, permanece nas igrejas, fazendo o homem crer que não passa de um corpo gerado pela natureza, dotado de suposta alma que, segundo pensam, terá o seguinte destino: ou uma vida na cidade celestial ou a condenação no inferno eterno. É aonde a igreja conseguiu chegar e, assim, se mantém de forma insistente, com graves consequências para a fé de multidões.
 
A morte não pode ser vista como o fim das coisas, mas como um fenômeno inerente à existência de tudo o que é vivo. É assim em toda a Criação. Todas as coisas vivas morrem e renascem, acompanhando o movimento progressivo do Universo. É uma lógica que tem como base as leis naturais, por isso é superior aos raciocínios fantasiosos da teologia. A morte é interpretada nas Escrituras Sagradas de diversas maneiras, quase sempre de forma equivocada, uma vez que os teólogos pouco conhecem sobre o outro lado da vida. Tal conhecimento não é demoníaco, evidentemente.
 
Jesus falava em parábolas, e ensinava em particular aos discípulos, o que não podia falar publicamente. Certamente tratava da ciência eterna. Ele disse: “tenho muito a vos dizer, mas não podeis suportar agora”. Conclui-se, pois, que as almas, a quem se dirigia, não tinham desenvolvimento a ponto de receber os ensinamentos do Cristo. A palavra “agora” complicou mais ainda, pois, deu a entender que essas mesmas almas, seriam instruídas no futuro. Há muito o que aprender. Certamente, esses ensinamentos não estão na teologia das igrejas.
 
Temos de entender a morte sob dois aspectos. Jesus disse que se alguém guardasse sua Palavra nunca veria a morte. Ao que se sabe, todos os que guardaram sua Palavra, morreram. Então, o que falou Jesus não era verdade? Seria desastroso alguém afirmar que sim. Conclui-se, inevitavelmente, que Jesus usou a palavra “morte” num sentido diferente do que o tradicional, que é a morte do corpo físico. Qual seria esse sentido? Falava o Senhor de outra morte, desconhecida de boa parte dos cristãos e judeus, a morte espiritual. Ela é um estado de espírito e não morte corporal, o que explica certas passagens nas Escrituras, em que se faz referências a pessoas vivas, como se estivessem mortas (Salmos 116.8; 44.22; Mateus 8.22, Romanos 7.13, Efésios 2.1). Esta é a morte a que se referia o Senhor.
 
Como é isso?
Funciona assim: a vida eterna é comunicada por meio da Palavra de Deus, que desperta a fé no coração dos homens (Romanos 10.17). Para os cristãos, ela se faz presente no Verbo, anunciado pelo Cristo. Para os judeus, a vida eterna é concedida por Adonai. Se diante da pregação, a fé se estabelece no coração do ouvinte, seja gentio ou judeu, a alma encontrará sua salvação. Isso quer dizer que saiu da morte para a vida. Absolutamente, isso não tem nada a ver com a morte física.
 
A interpretação equivocada desses dois princípios gerou enorme confusão na teologia convencional, pois, algumas passagens em que a morte espiritual é citada, ela foi confundida com a morte do corpo. Veja, por exemplo, o argumento dos crentes, contrário à possibilidade de a alma nascer de novo. Alegam que a instrução em Hebreus 29.7 diz que é dado ao homem morrer apenas uma vez, vindo depois disso o juízo. Parece a eles, estar comprovado que não é possível nascer de novo, pois o homem estaria impedido de morrer pela segunda vez. Tal argumento não passa de confusão, pois, a morte a que se refere a passagem, é a morte espiritual. Ela acontece apenas uma ocasião, vindo depois o juízo de Deus, que lança a alma na situação de morte. A alma somente sairá dessa condição, quando pelo arrependimento e fé, receber a salvação. Sendo assim, não é necessário temer a morte física, porque ela faz parte do ritmo da própria Criação, no vai e vem das almas e dos seres vivos, seguindo as transformações, inerentes ao aperfeiçoamento das coisas. A alma nascerá sempre, pois, foi criada para viver como habitante do Universo e não para residir em um suposto paraíso ou cidade celestial. É preciso avançar no entendimento, para que nas instituições onde as Escrituras Sagradas são anunciadas, em vez de se pregarem a verdade e a vida, sigam pregando a mentira e a morte.
 
Questionado sobre o destino da alma depois da morte física, Jesus respondeu: Deus é Deus dos vivos e não dos mortos. Se não tivermos em nós a vida do Eterno Deus de Israel, seremos mortos, não importa se andamos pelas ruas, se trabalhamos, se estamos bem de saúde, se somos pobres, ricos, ignorantes ou letrados. Morto é morto mesmo e isso não tem nada a ver com saúde física. Pense nisso!