Eis que, de repente, o mundo foi surpreendido e profundamente ferido em suas certezas. Desde o mês de janeiro de 2020, as nações nada fazem a não ser tentar se desvencilhar de uma terrível ameaça que só trouxe desespero, insegurança e morte até agora. O perigo não são as armas nucleares, tampouco as guerras ou disputas de poder, mas seres vivos invisíveis que invadem os corpos, sem acepção de pessoas.
Em um tempo em que a marca era o “tudo junto e misturado”, a população do mundo inteiro se recolheu em casa, convencida por força das circunstâncias de que o chamado “distanciamento social” é a mais importante via para minimização da catástrofe que está abatendo as pessoas e o sistema que move o mundo. Absolutamente todos foram colocados no mesmo barco.

Certamente o mundo não é mais o mesmo. E nem será, jamais. Precisamos refletir profundamente sobre este momento pelo qual passa a humanidade. Estamos fazendo parte dessa grande transformação. Uma nova civilização está em curso. A história será contada depois, mas a verdade só poderá ser experimentada por quem está vivendo agora. Considerando que há um povo no mundo, a quem Deus, por meio de Moisés, se dirigiu, é prudente lembrar das instruções: “E estas palavras, que hoje te ordeno, estarão no teu coração; E as ensinarás a teus filhos e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te. Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por frontais entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas” (Deuteronômio 6:6-9).
Moisés anunciou também: “Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os cumprir; para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor jurou a vossos pais. E te lembrarás de todo o caminho, pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos, ou não” (Deuteronômio 8:1,2).

São passados mais de três mil anos desde que essa instrução foi proferida. O ponto principal de toda a história contada nas Escrituras é a terra prometida a Abraão, um reino que seria estabelecido na Terra. O trabalho de Moisés, Jesus, profetas e apóstolos convergem para esse momento. Davi disse, em um de seus salmos, que aguardava esse dia como os guardas esperam pelo amanhecer. Naquele tempo, os que guardavam as cidades estavam sujeitos aos perigos da noite e o nascer do sol simbolizava livramento da morte, porque, de dia, podiam enxergar a situação com os olhos bem abertos. Por qual razão o rei escreveria algo tão significante e profundo? Para falar da noite? Não. Estava se referindo a situações que seriam vivenciadas muito mais adiante, por todo o povo. Davi simbolizava todo o Israel. Certamente a ansiedade pelo reino não seria apenas para desfrutar das boas coisas dessa maravilhosa terra, prometida a Abraão, Isaque e Jacó. Não, certamente, mas porque seria tempo de perdão, de misericórdia de Deus para um povo, que andou separado Dele por toda a sua trajetória no mundo. Seria tempo de luz e não de trevas, de alegrias e não de tristezas.

Chegamos nesse tempo do perdão. A profecia se cumprirá completamente. Na simbologia poética do salmo do rei, os que guardam a cidade são os que carregam a preciosa semente, aqueles a quem Moisés falou e, mais tarde, os que Jesus veio retirar da ignorância e do engano. As instruções são claras. O tempo do perdão chegou, portanto. O tempo do Eterno Deus avaliar se o povo tem essas instruções em seus corações, nos frontais entre os olhos (as mentes), nas mãos (as obras), e nas casas. Reflitamos! A situação é de extrema gravidade. A enfermidade atinge todas as pessoas, ricos e pobres, letrados e ignorantes, humildes e soberbos, pretos e brancos, patrões e empregados, crentes e ateus, para que possamos enxergar o quanto estávamos enfermos dentro de nós mesmos, envolvidos com a escuridão deste tempo, na autossuficiência do conforto, do conhecimento e do saber humano.

Estamos sendo provados na experiência de nossas casas, para ver se enxergamos o tesouro que temos, e que entregamos aos cuidados de outros, por longo tempo. Oportunidade bendita de aprender a servir uns aos outros, antes de tudo nas famílias. Tempo de experimentarmos o amor uns aos outros, verdadeiramente. Tempo de constatar que mais bem-aventurada coisa é dar do que receber. É experiência de credenciamento para os novos tempos. Os guardas da cidade precisam da luz do dia para enxergar e exercer sua tarefa de sentinela. A luz de Deus veio na pessoa de Cristo, para retirar o mundo da escuridão. Portanto, se Deus não estiver à frente como luz, os guardas andarão em trevas.

A Palavra dita a Moisés anuncia que as dificuldades da vida no deserto tinham como objetivo testar se o povo guardaria ou não os mandamentos de Deus, para que pudesse herdar a promessa. Chegou a hora de sermos testados, saber se guardamos as instruções, e avaliar com sinceridade por qual espírito somos guiados. Não se trata de igrejas, doutrinas ou denominações humanas. Estejamos atentos! Todos estamos sujeitos às adversidades, aos perigos da enfermidade que assola o mundo. Embora o panorama seja desfavorável externamente, não podemos esquecer que somos templo do Deus vivo. Se há comunhão com Ele, saberemos o que fazer nos tempos de escuridão, simplesmente porque não haverá escuridão. Sem dúvida, teremos que vivenciar o que disse Jesus, como nunca o fizemos: “A cada dia o seu mal”. Quer dizer, precisamos administrar a cada dia as situações que surgirem, nos submetendo à realidade, confiando n’Aquele que está à frente de todas as providências para varrer a ignorância do planeta. Novas são, cada manhã, disse o profeta! E disse também que muitas são as misericórdias de nosso Deus. Bendito sejas Tu, Eterno, que nos concedeu mais esta piedosa oportunidade de crescimento e redenção. Amém!