Estamos em semana de Páscoa. Seriam dias de reclusão, recolhimento, reflexão pela morte e ressurreição daquele que nos foi dado para perdão de nossos pecados. Nos últimos anos, pode-se dizer que a cristandade pouco se importou com o sentido profundo dessa data, por estar demasiadamente ocupada em viver conforme os ditames do próprio coração. Secularmente, a Páscoa dos cristãos se dá após o que chamam de quarentena. O que é uma quarentena? No jargão popular é uma reclusão que devemos fazer por alguma razão específica, em tempo determinado. Na situação atual, existe um perigo de contaminação por um vírus altamente contagioso, que nos obrigou ao chamado “isolamento social”. Quer dizer, precisamos ficar em casa para reduzir o risco de disseminação em massa da doença, em tempo muito curto, para evitar que muitos adoeçam ao mesmo tempo, sendo inevitável, nesses casos, que venham a morrer por falta de assistência. Evidentemente, nenhum sistema de saúde suporta tal situação. Tudo certo até aqui. Compreendemos bem e, para proteger nossa saúde, estamos todos em casa, afastados do convívio social. Essa é a razão baseada nos fatos que se vê. Existe, porém, outras razões, baseadas nas instruções do Espírito, que não vemos, mas sentimos em nossos corações, que grita em nossos ouvidos há muito tempo. Isso, evidentemente, se temos comunhão com Deus. A Palavra anunciada pelos profetas e repetida incontáveis vezes pelos seus servos, nos alertou que deveríamos nos voltar para dentro de nós, observar nossas atitudes, cuidar melhor de nossas relações familiares, viver com mais simplicidade, nos retirar da exposição em redes sociais, nos arrepender de nossos pecados, reconhecer os nossos equívocos e tantas outras repreensões nos chegaram pela Palavra. Ou seja, que vivêssemos o sentido da Páscoa todos os dias. Como não ocorreram mudanças em nossas mentes, em nossa forma de pensar e viver, eis que chegou o tempo de encararmos de frente e com coragem todas essas coisas, se é que temos interesse por Deus. O tal isolamento social deve ser considerado por nós como isolamento para Deus. É bênção e não castigo. É oportunidade de redenção e não somente esforço para sobrevivermos à pandemia. Precisamos mergulhar nessa experiência com todo o nosso coração, pedindo a Deus que nos ajude a enxergar, para não perdermos a oportunidade de despertar do sono. Estávamos dormindo, não somente indiferentes às instruções, mas dormindo no conforto e na certeza de salvação e justiça. Precisamos acordar. E quando enxergarmos a grande graça que Ele nos concedeu, certamente não mais voltaremos a viver como antes, quando a necessidade do isolamento social acabar. Assim se dará porque continuaremos separados para Deus, com nossos costumes renovados e edificados pela Palavra, bem como pela santa experiência de vivências com os nossos amados. Porém, se estamos enfadados por permanecer em casa, se estamos nos sentindo presos, se ansiamos o dia em que o isolamento acabe para voltarmos às nossas mesmas vidas, com os mesmos pensamentos, sem termos mudado nada do que fazemos, de nossas atitudes frente às nossas famílias e em nossa vida de relação, então, não fará diferença se morrermos pelo vírus, pois já estamos mortos em nossas almas. É tempo de vida, oportuno tempo de libertação do cativeiro mental em que nos encontrávamos. A sabedoria de Salomão já alertava sobre o valor das oportunidades: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma. Voltei-me, e vi debaixo do sol que não é dos ligeiros a carreira, nem dos fortes a batalha, nem tampouco dos sábios o pão, nem tampouco dos prudentes as riquezas, nem tampouco dos entendidos o favor, mas que o tempo e a oportunidade ocorrem a todos” (Eclesiastes 9.10,11).