Se você não conhece quem foi João Huss, é bom saber. É impressionante, como existe uma igreja evangélica em cada esquina. Têm igrejas para todos os gostos. Às vezes me pergunto, para que servem tantas casas de Deus, se cada uma delas fala e faz coisas nem sempre concordantes com o Evangelho de Jesus Cristo. É uma enorme confusão de seitas e de conceitos e, seguramente, isso não deve ser obra do Espírito de Deus. No livro Gênesis, capítulo 11, a Bíblia conta a história da Torre de Babel. O povo resolvera, por conta própria, edificar uma torre para tocar os céus. As pessoas queriam se engrandecer por si mesmas. Mas foram castigadas e condenadas a falar línguas diferentes, de modo que não mais se entendessem a respeito de seus planos, que não faziam parte dos planos de Deus.
 
Toda torre edificada pela vaidade humana não serve para coisa alguma. Hoje, nas igrejas evangélicas, há uma enorme confusão de conceitos. Elas parecem com a antiga Babel, repleta de soberba, onde ninguém entendia coisa alguma a respeito dos fins. E como foi o destino daquela, tudo indica será o destino dessas igrejas. Dias atrás, ao passar diante de uma igreja evangélica, vi pessoas de pé, segurando acima de suas cabeças um enorme pano branco. Cobria todo o salão. Sinceramente, não sei o que faziam, nem que esperanças tinham. Numa outra, vi um burrico entrando porta adentro, levando nos lombos uma jovem vestida de Maria. Havia balões coloridos por toda a parte e um conjunto musical tocando frenética música eletrônica. Também vi um templo, onde acontecia um verdadeiro “show”. Música em alto volume e crentes dançando pra lá e pra cá. Liguei o rádio e, sem querer, sintonizei numa FM onde se vendiam lâmpadas para espantar espíritos malignos. Que pobre imagem, esses crentes passam para as pessoas não convertidas. No Novo Testamento não existe nada parecido.
 
Qual a causa dessa enorme confusão? A Reforma Protestante, que eclodiu em 1517, foi o início da liberdade religiosa. Durante séculos as consciências estiveram cativas da igreja católica que, em termos de fé, fazia o que bem entendia. Quem tivesse a petulância de discordar, simplesmente morria. Por mais de mil anos os homens foram forçados a dizer “amém” a tudo o que padres, bispos e cardeais diziam. Alguns padres católicos protestaram e surgiu a igreja reformada. Os crentes começaram a pensar e a compreender por si mesmos, o que diziam as Escrituras Sagradas. Hoje, parece que aquele espírito, anterior à Reforma, está de volta. As pessoas aceitam tudo passivamente, confiando em pretensos homens de Deus. Pastores fazem e desfazem, sem que isso tenha qualquer consequência. Na sua inocência, os crentes são envolvidos em condutas absurdas, discordantes das sãs palavras de Jesus Cristo. Abrem-se igrejas e igrejas para muitos e muitos fins, menos para ensinar a Palavra de Deus ou salvar almas, esclarecendo-as a respeito da vida eterna. Há honrosas exceções, mas, independente das denominações, o corpo da igreja é um só. E está caminhando para a morte. É como uma pessoa saudável que tem câncer e não sabe. As células saudáveis vão morrer por causa das que estão doentes.
 
É preciso tomar a Bíblia Sagrada em mãos, para estudar a Palavra de Deus e acompanhar o que se diz nas igrejas. O Povo de Deus precisa discernir o Velho do Novo Testamento. Não se pode mais continuar lendo Moisés, como se todas as suas leis estivessem válidas. O Velho Testamento foi abolido por Cristo, disse o apóstolo Paulo. Moisés foi enviado aos hebreus. Cristo, aos cristãos, católicos e evangélicos que são uma só coisa. Não é suficiente dizer “eu creio” ou “sou crente”. É preciso saber discernir a verdade. Sem intimidade com a Bíblia não há caminho para o Espírito Santo, nem para suas revelações. Se a fé não se mostrar viva e atuante, não será verdadeira e, por decorrência, não poderá salvar. Jesus disse: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai.” – (Mateus 7.21). Sejamos adultos na sabedoria e meninos na malícia.
 
João Huss foi um dos principais reformadores da história do Cristianismo. Nasceu no Reino da Boêmia (República Tcheca), no ano de 1369 e morreu no dia 6 de Julho de 1415. Bacharelado em Letras e Teologia, tornou-se padre. Em 1401, ocupou o cargo de reitor da universidade de Praga. Huss ensinava acerca do sacerdócio universal, onde qualquer crente poderia se comunicar com Deus, sem a mediação dos padres. Foi excomungado e morto na fogueira. Preso ao madeiro, Huss viu ali perto uma senhora bem idosa, ajuntando gravetos à fogueira que iria leva-lo à morte. Inocente e com boa vontade, a mulher obedecia cegamente aos inquisidores. Quando pôs a lenha aos pés do reformador, Huss olhou carinhosamente para ela e disse: “SANTA SIMPLICIDADE”. Que Deus tenha compaixão da inocência e simplicidade do nosso Povo. Amém.