“Se vós permanecerdes em minhas palavras, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João, 8.31-32).

 

A liberdade é um estado de espírito que o homem tem perseguido por toda a sua trajetória neste planeta. Sábios, filósofos e pensadores de todos os tempos tentaram estudar e interpretar a alma humana, tendo sempre a liberdade como pano de fundo em suas incursões teóricas, sobre o sentido da vida e os mistérios da Criação. Jesus, o Messias anunciado pelos profetas, em um de seus diálogos com os que rejeitavam sua autoridade, tratou do assunto sem subterfúgios. Afirmava que o homem para ser livre, precisava conhecer a verdade, deixando claro que a liberdade não dependia apenas de assegurar leis que regulam as relações entre os homens, ou de se ter condições irrestritas de ir e vir. Ele falava da liberdade que nasce dentro do indivíduo, resultado de uma condição da alma, que precisa nela ser despertada. Diz, ainda, que a alma necessita ser ensinada sobre essa liberdade, deduzindo-se, então, que há um caminho a ser percorrido para que a Luz se faça.

A premissa “conhecereis a verdade e ela vos libertará” tornou-se conhecida no mundo todo, por infelicidade, desconectada do contexto no qual foi pronunciada. Jesus estava diante de uma situação que se tornara comum na sua breve vida. Ele ensinava aos poucos judeus que acreditavam nele, quando foi interpelado pelos descrentes. O “conhecereis a verdade e ela vos libertará”, era precedida de uma condição: “se permanecerdes em minhas palavras, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade e ela vos libertará”. Não há dúvidas de que, somente se a alma permanecer na Palavra do Senhor, terá conhecimento da verdade do Eterno Deus. Pelas palavras de Jesus, o conhecimento da verdade estava com Ele e somente os que cressem em sua grandiosa missão, seriam livres verdadeiramente. Ele é o patrono do Reino Eterno.

O diálogo em questão segue, com os judeus desafiando sua autoridade: “Somos descendência de Abraão e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?”. Vejam que o questionamento destes religiosos judeus, é o mesmo dos homens cativos de si mesmo, que iludidos por suas próprias mentes, continuam escravos em nossos dias. São pessoas que se acham livres e julgam que o conhecimento das leis e da ciência por si só os faz libertos, sem que busquem conhecer o Eterno Deus e Sua majestosa obra. Apesar de todos os avanços em vários campos científicos, o mundo segue mergulhado em profundas trevas porque desconhece a condição primeira, para que a verdade se estabeleça: o permanecer nas palavras daquele que se manifestou na Terra, como a Luz de Deus. Enquanto essa condição não for observada, não haverá liberdade verdadeira, mas apenas escravidão. A grande ilusão criada pelo espírito do mundo é a de que o homem é livre para fazer suas escolhas. Certamente é. Se, no entanto, não ouvir a voz de Deus, as escolhas serão para a morte e não para a vida.

 

Nesse diálogo de Jesus com os judeus houve um embaraço criado pela afirmativa de que os livres não morreriam jamais: “Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte”. Os judeus, encolerizados, afirmaram: “És tu maior que nosso pai Abraão que morreu? E também os profetas morreram. Quem te fazes tu ser?”. Como se julgavam filhos do pai da fé, Jesus responde que Abraão exultou por ver aquele dia, o dia em que a Luz de Deus, o Messias chegaria ao mundo. Mais uma vez a reação foi irracional: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?”. Quer dizer, os judeus envolvidos neste diálogo estavam cegos por suas certezas e vaidades. Diante deles estava o Filho de Davi, conforme atestavam as Escrituras, mas eles só viam um homem. Este é o mesmo espírito dos que se sustentam em sua própria sabedoria, que transitam dentro e fora das igrejas e sinagogas dos nossos dias. A resposta do Messias foi surpreendente: “Antes que Abraão existisse, eu sou”. A reação dos judeus foi ainda mais colérica, pois pegaram em pedras para o agredirem, conforme relatam os textos.

O que não se pode negar é que Jesus afirmou com toda clareza que Ele já existia antes de Abraão. E se é assim, a anterioridade da alma e sua necessária encarnação no mundo visível é questão resolvida pelo próprio Cristo. O conhecimento das revelações do Eterno, contidas no Livro Santo, só podem fazer sentido lógico por esta via, utilizando as ferramentas da inteligência, estimulada por Jesus neste impressionante diálogo. Fechar os olhos para a lógica de Deus é seguir na escuridão por sua própria conta e risco. Os resultados têm sido desastrosos.

O Povo de Deus necessita despertar do sono, causado pela ignorância das religiões. Judeus e cristãos estão encerrados em suas próprias convicções, certos de que são filhos de Abraão, mas habitando em casas separadas. Uns rejeitando o Messias, outros não permanecendo em suas palavras. Sendo assim, permanecem cativos de seus próprios espíritos. Como as almas cegas que, no tempo de Jesus, não enxergaram a Luz de Deus diante de seus olhos, seguem sem ver o óbvio e principal fundamento da obra de Deus, a lei da progressividade.

Referencias: João, 8:30 a 59