Arrebatamento da igreja - Arrebatamento

Arrebatamento
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Será mesmo possível que, antes, durante ou depois do Juízo Final, Deus levaria para o céu um grupo de crentes ainda vivos? Pois esta é a teoria que tomou conta da maioria das igrejas evangélicas. Para saber mais, leia cuidadosamente o texto abaixo.

O arrebatamento da igreja

    “E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim.” (Atos 22.17)
 
    Entre os evangélicos, fervilha uma teoria dizendo que, antes do Dia do Juízo, os crentes serão arrebatados para o céu, enquanto o mundo terreno, e talvez todo o Universo, consumir-se-ão no fogo eterno. As pessoas que não acreditam nesta história são tidas, por eles, como verdadeiros inimigos da verdade. Assim como aconteceu na história da igreja católica, os discordantes terminam inclusos no grupo insano dos hereges. O arrebatamento é uma fábula infantil, que encontra ressonância em mentes da mesma natureza. Destituída de fundamentos científicos e sem apoio dos ensinamentos bíblicos, segue iludindo multidões no mundo ocidental. Recentemente, nos Estados Unidos, um grupo de pessoas, dando ouvidos a um pastor evangélico, subiu a um monte e se preparou para ser arrebatado aos céus. As pessoas envolvidas desfizeram-se de seus bens, de seus documentos e descobriram, mais tarde, que tudo era produto da fascinação mental que acometera seu líder religioso. Não houve nenhum arrebatamento.
 
    Quem tem conhecimento da ciência de DEUS sabe que espíritos malignos podem envolver instituições religiosas, dominar seus membros, gerar neles o espírito de fanatismo, distorcendo o sentido verdadeiro das Escrituras. Não são poucas as situações em que a história revela ações fanáticas provocadas por domínio mental coletivo. A ciência fala em lavagem cerebral porque não considera a existência de demônios mentirosos e fascinadores. A situação, porém, é mais grave e perigosa do que se pode imaginar.
 
    Atualmente, o Brasil vive uma febre de manifestações denominadas pentecostais, que promovem espetáculos de exorcismo, possessão, adivinhação e todo tipo de exaltação, que não tem nenhum correspondente bíblico. A situação é grave e afeta a normalidade psicológica e a vida moral dos envolvidos. O bom senso diz que todas as ideias movidas por paixões não devem ser consideradas revelação do Espírito Santo, e no caso do arrebatamento corporal, não há nenhuma revelação de novidades, apenas a interpretação rasa de textos bíblicos, o que é fato comum no meio evangélico.
 
    O Povo de Deus não deve dar crédito a teorias desta natureza uma vez que, em toda a Escritura, existem promessas feitas pelo CRIADOR e elas se cumprirão aqui mesmo no mundo terreno, depois do Juízo Final. E qual a razão do florescimento dessa e de outras teorias absurdas destituídas de sentido bíblico ou científico? A resposta está na teologia confusa que orienta as denominações, já que seus princípios não passam de conceitos advindos do catolicismo medieval, eivados de erros e de negação científica. De onde teria saído o pensamento de que um dia a igreja seria arrebatada para os céus? O jornalista Dave MacPherson escreveu um livro a respeito da origem da teoria do arrebatamento. A seguir,  um pequeno trecho que mostra como veio a lume no mundo cristão:

“Temos visto que uma jovem escocesa chamada Margaret Macdonald teve uma revelação particular em Port Glasgow, Escócia, no começo de 1830, de que um grupo seleto de cristãos seria capturado para encontrar Cristo nos ares, antes dos dias do Anticristo. Uma testemunha ocular, Robert Norton M.D., preservou o relato, escrito à mão por ela, da revelação de um arrebatamento pré-tribulacional, em dois de seus livros, e disse que foi a primeira vez que alguém dividiu a segunda vinda em duas partes ou estágios distintos. Seus escritos, juntamente com muitas outras literaturas da Igreja Católica Apostólica, ficaram escondidos por muitas décadas do pensamento evangélico dominante e apenas, recentemente, reapareceram. As visões de Margaret eram bem conhecidas por aqueles que visitavam sua casa, entre eles John Darby dos Irmãos. Dentro de poucos meses, sua concepção profética distintiva foi refletida na edição de setembro de 1830, do The Morning Watch3 e na primeira assembleia dos Irmãos em Plymouth, na Inglaterra. Os primeiros discípulos da interpretação pré-tribulacionista frequentemente a chamavam de uma nova doutrina”.
 
    John Nelson Darby (1800-1882), pai do moderno dispensacionalismo, teria tomado o ensino de Margaret sobre o arrebatamento e feito algumas mudanças, pois ela ensinava que haveria apenas arrebatamento parcial. Ele resolveu mudar o sentido do arrebatamento para torná-lo mais interessante e passou a ensinar que todos os crentes seriam arrebatados, depois passou o restante de sua vida viajando para anunciar a nova teoria do arrebatamento, que foi parar nos Estados Unidos e, mais tarde, chegou ao Brasil, por intermédio de missionários evangélicos.
 
    Nos ambientes de simplicidade intelectual e cultural do povo brasileiro, fundaram seitas com nomes pomposos, como congregações e assembleias. O resultado pode ser visto por qualquer pessoa que se ponha a dar uma volta pela cidade onde mora e poderá visitar algumas igrejas, num sábado ou domingo, à noite. Cada um faça o próprio juízo. O arrebatamento é hoje um dogma de fé das igrejas evangélicas e parece ter influenciado também boa parte das igrejas protestantes. Toda argumentação dos que acreditam no arrebatamento, porém, também se fundamenta em passagens bíblicas, interpretadas, alegoricamente, e explicadas por uma hermenêutica de baixa qualidade. Um dos seus principais argumentos aponta para as palavras do apóstolo Paulo, quando escreveu a primeira carta aos Tessalonicenses, no capítulo 4, versículos 13 a 18. Vejamos:

“Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemos-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras”. (I Tessalonicenses 4.13-18)

    Paulo teria mesmo dito o que os adeptos do arrebatamento entendem? Ou seja, que toda a igreja será fisicamente arrebatada para os céus? Não parece ser este o sentido dos seus escritos que, neste caso, está marcado pelo cunho da pessoalidade. Este mesmo texto do Apóstolo prestou-se à absurda tese de que as almas dos falecidos ficariam dormindo até o Dia do Juízo. Ora, basta ter conhecimento básico do Evangelho para saber que inúmeras passagens bíblicas contrariam tal pensamento. A crucificação de Jesus, narrada por Lucas, não deixa dúvidas a respeito:

“E disse a Jesus: Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino. E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”.  (Lucas 23.42-43)

    “Hoje estarás comigo no Paraíso”, disse o Senhor ao bom ladrão. Ele não se referia a nenhum sono depois da morte, e mesmo se deu quando contou a parábola do rico e Lázaro. O rico que vivia como rei, indiferente ao mendigo que pedia esmolas na calçada de sua casa, morreu e foi para o inferno, enquanto o mendigo teve como destino os céus (Lucas 16). Em ambos os casos, os ensinos de Cristo mostram a alma do homem salvo e a do condenado em situação de plena consciência depois do túmulo. É pouco provável que o Filho de Deus contasse uma parábola em que haveria inverdades ocultas.
 
    O sono após a morte é uma tese com origem nos obscuros ensinamentos da profetiza Helen White. Para defenderem tal ideia, alguns intérpretes resolveram mudar a palavra “hoje” de lugar, sugerindo um suposto “te digo hoje, que estarás comigo no paraíso”. É evidente que há um equívoco, pois o Senhor não poderia dizer “te digo ontem”, nem “te digo amanhã”. E, se é assim, por que o Filho de Deus diria “te digo hoje”? A mudança é um artifício usado para sustentar o pensamento de que a alma, depois da morte, ficaria dormindo até o Juízo. Para lhe dar crédito, utilizaram uma tradução bíblica de Willian Cureton, conhecida como siríaco curetoniano. Somente este tradutor resolveu mudar de lugar a palavra “hoje”. As demais traduções mantém o sentido original, ao testificar que a alma passa a existir de forma consciente logo que desperta nas dimensões da vida invisível. É bíblico e atende às regras da boa hermenêutica. Não há razão para se acreditar em sono após a morte. Evidentemente não se está desprezando os ensinos de Paulo, mas, com certeza, existem equívocos e dúvidas em determinadas passagens, provocados por traduções mal feitas pela escolha equivocada do sentido ou da interpretação radical das letras. Ora, o próprio Paulo asseverou: “A letra mata, e o Espírito vivifica”. (II Coríntios 3.6). Ambas as teses, a do arrebatamento e a do sono pós-morte, não se sustentam numa análise inteligente, tendo como base o conjunto das lições bíblicas. Um ensinamento das Escrituras Sagradas não pode contrariar a si mesmo. Se isso parece acontecer, com certeza, há erros de interpretação ou de tradução.
     A existência da alma nas dimensões além do mundo visível, nos céus da eternidade, está devidamente demonstrada na Bíblia Sagrada tanto no Velho quanto no Novo Testamento. Ensinar o contrário deste princípio é conspirar contra Deus e Seu Cristo. A alma continua existindo do outro lado, de posse do corpo espiritual cuja existência foi ensinada pelo próprio Paulo (I Coríntios 15), e não fica em estado de eterna contemplação, mas trabalha a favor da Criação, como fazem os anjos (Marcos 12.25). Na volta de Jesus Cristo, no Juízo, os que já deixaram este mundo e foram salvos, voltarão com o Senhor para a ressurreição do último dia, também denominada segunda ressurreição, estabelecendo, definitivamente, o Reino de Deus tanto na Terra quanto nos céus circunvizinhos.

    Com referência às palavras do apóstolo Paulo sobre o arrebatamento, consideremos algumas posições comprovadas pelas passagens bíblicas. Paulo, assim como todos os apóstolos e outros cristãos, em todas as épocas, pensava que o mundo estava prestes a acabar. O Apóstolo, ao dirigir-se à igreja de Tessalônica, não constituía mandamento ou instrução doutrinária, como fez em outros documentos. Escrevia uma carta pessoal aos irmãos, em que falava da sua esperança em ver o grande dia da volta do Senhor. E vislumbrava, nessa natural exaltação, a possibilidade de encontrar Jesus nos ares, entre as nuvens. Sabe-se que as tradições indicam que Paulo, o apóstolo dos gentios, teria morrido em Roma, decapitado. O fim do mundo que tanto esperava não aconteceu no seu tempo e ainda não ocorreu. Não há nada de errado, mas isso confirma que seus pensamentos em relação ao encontro com Jesus, nos ares, eram divagações. Nós também, em nossos dias, esperamos chegar o fim do mundo, mas isso pode não acontecer. Tal equívoco não nos fará menos dignos diante de Deus uma vez que o Seu próprio Filho disse que nem mesmo Ele sabia quando o fim se daria (Marcos 13.32).
 
    O apóstolo Paulo não era profeta, mas tinha dons espirituais, entre eles, o de desprender-se do corpo físico, momentaneamente, e entrar nas dimensões da vida invisível. Foi levado aos céus, conforme relata. Mas, na descrição deste arrebatamento, mostra-se confuso, conforme suas próprias palavras, na segunda carta aos Coríntios, capítulo 12, versículo 2: “se no corpo, não sei; se fora do corpo não sei; Deus o sabe”. Também lhe foram ditas coisas sem que tivesse permissão para revelá-las: “ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”. Ora, quem poderia garantir que Paulo, ao escrever aos Tessalonicenses sobre a subida nas nuvens, não estivesse confuso acerca da ascensão da alma ou do corpo aos céus? É possível que, naquele momento, não compreendesse bem o arrebatamento de sua alma às dimensões invisíveis, que vez ou outra acontecia. Ao escrever aos Coríntios, reconhece a existência do corpo espiritual, com o qual a alma pode existir e se expressar nos céus da eternidade (I Coríntios 15.35-51).
     A tese do arrebatamento contraria pregações dos profetas e do próprio Senhor (Isaías 66, Apocalipse 21, II Pedro 3, Salmos 37, Mateus 5 e demais referências). Outro fato significativo está descrito no capítulo 22, do livro Atos, versículo 17. Ao defender-se da turba que o queria matar, Paulo diz textualmente: “E aconteceu que, tornando eu para Jerusalém, quando orava no templo, fui arrebatado para fora de mim”. Fica claro, evidente que o Apóstolo fora arrebatado em espírito, e não carnalmente. De outro modo, não diria “arrebatado para fora de mim”. Teólogos evangélicos e católicos fogem de citações desta natureza por elas terem o entendimento de que a alma possui independência do corpo. E qual a razão? Sustentar o dogma da ressurreição da carne, comum às igrejas católica e evangélica.

    Ao admitir-se que uma pessoa fosse levada em espírito a determinado céu, isso significa que, obedecendo a um propósito de DEUS, sua alma deixaria o corpo físico, momentaneamente, seria levada ao céu para viver uma experiência em que, certamente, não precisou do corpo físico. Este conceito foi duramente rechaçado pela igreja católica, berço das igrejas evangélicas. Admitir a existência da independência entre Corpo e Alma levaria, obrigatoriamente, a uma reforma da teologia que, em termos espirituais, se encontra no estado medieval. Por consequência, provocaria profunda reforma nas igrejas. Alguns homens da igreja, que foram expulsos como hereges, teriam de ser reconhecidos como pessoas idôneas. A igreja, como já o fez em casos semelhantes, seria obrigada a pedir desculpas póstumas, por condenar inocentes à execração secular. Neste particular, a igreja evangélica comunga com os mesmos equívocos da igreja mãe. Os tradutores, percebendo o embaraço que havia nessas passagens bíblicas, evitaram usar o termo arrebatado em espírito e deram preferência ao arrebatado no Espírito. Pode parecer a mesma coisa, mas não é. Quando você diz arrebatado no Espírito, o sentido é de ser arrebatado no Espírito Santo, sem dizer coisa alguma de como isso aconteceu. Quando se usa arrebatado em espírito, o sentido é de que a alma do indivíduo deixou seu corpo, subiu aos céus e depois retornou. O correto, segundo a língua em que as Escrituras foram escritas, é ser arrebatado em espírito.
 
    Parece não haver dúvidas de que Paulo, em certo momento, mostrava-se confuso em relação ao desprendimento da sua alma, mas se percebe também que, com o passar do tempo, isso ficou melhor compreendido por ele. Diante de tais incertezas, as palavras do Apóstolo, encontradas na Carta aos Tessalonicenses, jamais deveriam ser tomadas como base para uma teoria tão descabida, como a do arrebatamento, que já levou multidões a crerem num evento sobrenatural, que tem tudo para não acontecer. Estudos relativos às profecias que tratam do fim do mundo, isto é, o Apocalipse de João, o Sermão Profético de Jesus e o Livro de Daniel, absolutamente, nada dizem de um possível arrebatamento físico das pessoas antes do Juízo. Os que defendem a tese do arrebatamento utilizam passagens pontuais, interpretadas pelo método alegórico, o mais pobre dos métodos hermenêuticos.
     A concordância bíblica, que revela o pensamento dos tradutores, indica I Tessalonicenses 4.17, para o Apocalipse, capítulo 11, versículo 12, e para o Evangelho segundo João, capítulo 12, versículo 26. Mas do que trata Apocalipse 12? Fala da subida de duas testemunhas de Deus aos céus. Nada tem a ver com o arrebatamento de crentes, como a indicação pretende fazer entender. E João, capítulo 12, o que diz? Afirma que se alguém serve ao Senhor, deverá segui-Lo. E onde o estivesse o Senhor, aquele que O seguisse também estaria. Não há nenhuma alusão ao arrebatamento corporal, embora, gramaticalmente, alguém pudesse imaginar que seguir o Senhor onde Ele estivesse, seria por meio de um arrebatamento corporal. Isso é mera fantasia da imaginação e mostra a pobreza das referências bíblicas em relação ao tema.
 
    Nos Estados Unidos, onde está o maior número de crentes no arrebatamento, alguns escritores ganharam muito dinheiro escrevendo sobre o assunto e ajuntam, em torno de si, uma multidão de almas exaltadas a pensar que, no derradeiro momento, antes do fim do mundo, será levada ao paraíso. Por terem grande apreço, amor à vida carnal e a seus gozos, querem mantê-la nos céus, ainda que Jesus Cristo tenha dito: Qualquer que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas qualquer que perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, esse a salvará. (Marcos 8.35). E Paulo assevera: E agora digo isto, irmãos: que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus; nem a corrupção herdar a incorrupção (I Coríntios 15.50). Um sentencioso filme de nome Apocalipse, foi feito para divulgar, no mundo, a teoria do arrebatamento. A película, mesmo tendo como protagonista Nicolas Cage, famoso ator americano, é de uma miséria doutrinária sem fim. Em momento algum se fala de arrependimento, de salvação ou de Jesus Cristo sendo o caminho, a verdade e a vida. É mais uma fantasia que serve apenas para piorar o já ruim estado espiritual dos crentes brasileiros. Pobres criaturas que terão de enfrentar perseguições e humilhações, na Grande Tribulação. Isso se, no derradeiro momento, não negarem o Senhor.
 
“E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até à morte”. (Apocalipse 12.11)
 
“E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”. (Apocalipse 7.14)
 
    Outra figura bíblica, usada intempestivamente para sustentar o arrebatamento, é Enoque. O desaparecimento dele, conforme Gênesis, 5.24, é uma passagem simbólica, como quase tudo o que está escrito no livro Gênesis e que se relaciona à origem do Povo de Deus. Os arrebatacionistas afirmam que Enoque teria sido arrebatado. Na verdade, a passagem não fala de arrebatamento, mas que Deus tomou Enoque para Si, pois esse não havia visto a morte. Quem conhece o básico da exegese sabe que a morte a que se refere Gênesis não é a morte do corpo, mas a do espírito, provocada pelo desagravo a DEUS. Enoque não viu a morte porque andou com DEUS, isto é, fez Sua vontade. De novo o sentido literal é distorcido pela alegoria, na tentativa de reforçar a tese do arrebatamento.
     Existe apenas uma passagem nas Escrituras Sagradas a favor da possibilidade de alguém entrar, fisicamente, nos céus, de posse de seu corpo carnal, que é a da subida do profeta Elias num redemoinho. O redemoinho seria um evento celestial incomum, ou um vendaval enfrentado por Elias e Eliseu, que os separou? A narrativa é obscura, não concludente e, como tudo que não é bem explicado, serve a interpretações errôneas ou maliciosas.

“E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho”. (II Reis 2.11)

    A partir desta narrativa bíblica, é possível formular diversas hipóteses, inclusive, uma bastante utilizada pelos estudiosos de OVNIS para afirmarem ter Elias sido levado num objeto voador não identificado. Mesmo que, no ponto de vista da letra, a ascensão física de Elias aos céus fosse considerada, o texto não aponta, em momento algum, para o arrebatamento coletivo das pessoas crentes, no final dos tempos. Uma coisa não pode ser usada como justificava de outra supostamente semelhante. Nenhuma passagem bíblica contém elementos para indicar que, no Dia do Juízo, durante ele, ou depois dele, haverá arrebatamento de crentes em direção aos céus. Ao contrário, o que existe são evidências de que os crentes sofrerão aflições, perseguições e até morte, antes que o Reino seja estabelecido. Tal possibilidade, a de sofrermos nos dias do fim, pode ser fartamente comprovada nos profetas e nas palavras do Senhor Jesus Cristo. Algumas perguntas não têm respostas, como:
 
* Quem entrará no Reino? Aquele que crê em Jesus Cristo, como Senhor e Salvador, ou aquele que crê no arrebatamento?
 
* Para ser salvo e entrar no Reino de Deus, o homem precisa acreditar no arrebatamento? Se a resposta for sim, em que se fundamenta tal afirmativa?
 
* Por qual razão os pais da igreja, homens sábios que estudaram o Novo e o Velho Testamento, durante séculos, nunca fizeram qualquer referência a esse possível arrebatamento físico das pessoas, durante o evento denominado fim do mundo?
 
    Convém lembrar que as Escrituras Sagradas estão repletas de instruções afirmando que o Povo de Deus terá de passar por muitas aflições, muitas perseguições e muitos sofrimentos ligados ao fim do mundo. Afinal, para que serviria uma igreja dita cristã ou evangélica que se ausentasse do mundo, nos momentos mais graves de testemunho, de esclarecimento e socorro aos desesperados? Pense nisso. Que DEUS nos ajude. Amém.

Última revisão: 17 de Julho de 2017
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